quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Idei@s_13..."Inovação,Cultura e Alentejo"*

*Em parceria com José Nascimento

«Cultura é o sistema de ideias vivas que cada época possui. Melhor: o sistema de ideias das quais o tempo vive»
José Ortega y Gasset

O ano de 2009 será o "Ano Europeu da Criatividade e da Inovação". Um ano onde tais objectivos estarão alinhados com vista a uma maior sensibilização da sociedade pela importância que representam para futuro sustentável não só da Europa mas também do Mundo, não devendo, contudo, ser apenas prioridades e desafios transnacionais, mas sim responsabilidades que não deverão passar ao lado das regiões de Portugal, particularmente, do Alentejo. Nesta medida, cabe-nos a nós, sociedade alentejana, um dever de contribuir para um Alentejo mais inovador, marcando em toda a linha do progresso, uma forte presença de afirmação além fronteiras, como uma região de forte identidade, global e culturalmente inovadora.

O desenvolvimento da nossa região, em tudo deve ser feito com base em soluções diferenciadas, sustentadas em factores distintivos, donde sobressai uma cultura já centenária e enraizada nas suas gentes ao longo de muitas gerações, devendo assumir um papel indutor e funcionar como uma alavanca fundamental para o desenvolvimento da educação, da criatividade e do empreendedorismo.

O que as gentes do Alentejo fizeram ao longo dos séculos é hoje um património inestimável, compatível com o que se faz hoje em dia na arte, na publicidade, no design, no cibermundo e na produção de novos projectos culturais para consumo de todo o país. O tradicional, o moderno e o contemporâneo na arte e no artesanato no Alentejo, estão na base da inovação necessária para repensar a cultura, dotando-a de novas formas, valências e valor de mercado.

Este Governo acreditou e pôs em prática um plano para a modernização de Portugal, uma aposta no futuro das pessoas. A tecnologia, o conhecimento e a inovação representam uma resposta aos novos desafios. Representam a antecipação de um novo movimento em volta de novas prioridades. Representam a renovação e a criação de um novo País. Um Portugal que liga o tradicional com o moderno, mas um país mais competitivo a nível global, onde a inovação cultural possa desempenhar um novo papel e constituir-se como um dos motores de afirmação.

Num mundo cada vez mais globalizado, a cultura do Alentejo, baseada nas suas tradições será cada vez mais a verdadeira variável diferenciadora, ou seja, se for bem trabalhada será uma arma excepcional de competitividade. A aposta está em conseguir reforçar e pulverizar as suas potencialidades através das novas tecnologias e pela sociedade da informação. Para isso é necessário trabalhar conteúdos e canais multimédia, que permitam que essa informação chegue de uma forma privilegiada a todos.

Deixemo-nos contagiar pelo dinamismo do Plano Tecnológico. Reforcemos pois o papel da cultura como um instrumento de criatividade e inovação, empreendendo todos em conjunto, novas fronteiras solidárias de desenvolvimento.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Idei@s_12..."Sim, nós conseguimos"


«A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro»
John Kennedy

Escrevi este número do "Idei@s" durante a noite das eleições norte-americanas, seguro de que um resultado pela mudança poderia surgir a todo o momento. Escrever algumas linhas sobre as eleições norte-americanas, é escrever sobre as eleições mais mediáticas do mundo e também as mais caras de toda a história democrática dos EUA.

Durante as várias emissões especiais que foram surgindo um pouco por todo o mundo sobre estas eleições, ouvi algo que me chamou a atenção e vem ao caso referir.

Nos EUA, mais concretamente, em Washington, há o costume de se dizer que, se em vésperas de eleições a equipa local perder, o Presidente no poder perderá igualmente as eleições abandonando assim a Casa Branca. Ora, por mais curioso que pareça, na véspera das eleições, os Red Skin de Washington, perderam contra os serralheiros de Pitsburgg, e não foi uma derrota qualquer, mas sim uma das mais históricas para o clube de Washington. Esta vitória dos Serralheiros e de Obama representou claramente uma mudança no plano desportivo e político, dando a todos os norte-americanos a esperança de um novo rumo, fruto de uma vitória estrondosa e única na história norte-americana.

Acredito em Obama. Acredito na mudança de uma América de Bush, Republicana, tradicional, conservadora, para uma América Democrata, progressista, unitária, integradora e social. Uma América sustentável e consciente do seu novo papel num mundo em profunda mudança e em rede.

Obama representa o êxito da luta pelos direitos civis num país onde o pecado original sempre foi a escravidão. Representa um novo fôlego de atitude face á estagnação de uma atitude adormecida. Representa, o grito do epiranga norte-americano para responder à crise mundial através de uma nova estratégia global e integradora de luta contra o terrorismo; de uma nova disposição para conversar com o mundo em vez de impor sua vontade sobre ele; um voto de confiança no futuro da sua democracia e na politica enquanto instrumento de orientação ao serviço da humanidade.

Entre "mudança-precisamos" e "o país em primeiro"; entre uma mensagem de mudança, de alternativa, de um novo rumo, de resposta face a uma mensagem desgastada, nacionalista e militarista, a escolha não foi difícil.

Obama ganha mas não circunscreve a sua vitória aos Estados tradicionalmente democratas.
Obama vai mais longe: vai à procura de um novo ideal norte-americano conquistando importantes bastiões republicanos como o da Florida; do Colorado; de New México; do Nevada; do Iowa; do Ohio; da Virgínia e de Indiana, ultrapassando os 62 milhões de votos alcançados por Bush anteriormente, cifrando a sua vitória em 63,3 milhões de votos.

Com Obama o Partido Democrata Norte-Americano é relançado para um patamar eleitoral que desde Jimmy Carter não ultrapassava a barreira dos 50% das intensões de voto. Com Obama isso foi possível.

"Sim, nós conseguimos" - disse o candidato até então improvável, ao povo norte-americano em especial e, de forma indirecta, ao mundo inteiro; disse o candidato que realizou um sonho outrora impossível de se concretizar.

Obama é, assim, não só uma lição para o mundo, mas um rejuvenescimento do ideal democrático e político. É a esperança do entendimento e do respeito pela soberania dos povos.