terça-feira, 22 de julho de 2008

Idei@s_07..."Fazer o Futuro"


“Esperar é desmentir o futuro”

Emil Cioran

 


Há três anos atrás, os portugueses escolheram o destino do seu País, fazendo-o de entre dois caminhos diferentes.

Por um lado, tomaram consciência que o caminho tomado nos estava a levar a um impasse, causador de um inativismo, de um retrocesso económico, social, ambiental e tecnológico. De um acomodar sobre o ideal de que um emprego é para toda a vida. Tal visão, era sem dúvida mau preságio para um qualquer desenvolvimento que pretendesse inverter o inativismo, implacável redutor de objectivos positivos e dos quais a vontade de não nos afastarmos dos restantes países da União Europeia assumia vital importância.

Por outro lado e onde o bom senso imperava, vislumbraram o caminho que se identificava com um horizonte moderno, onde a vontade lusitana pudesse de novo regressar aos momentos de glória de um passado épico cantado por Camões. Onde a raça e a vontade de gerações de outrora, adaptada às realidades presentes, pudesse agregar de novo e em volta de uma nova esperança, um povo que também merecia estar na linha da frente relativamente aos seus parceiros europeus, afastando, assim, o fantasma do hipotecamento das gerações futuras.

Afinal os portugueses escolheram em consciência e de livre vontade o caminho do futuro para Portugal, isto é, o caminho de um horizonte moderno, uma vez que o bom senso foi a pedra de toque na consciencialização de que era necessário e, muito rapidamente, arregaçar as mangas e deitar mãos à obra, recuperando uma casa em completo declínio.

Agora, mais do que nunca, as ideias apresentavam-se tão claras. Se, por um lado a direita apresentava o choque fiscal que, e em poucas palavras, pretendia aumentar a competitividade do País através de uma redução dos custos de produção, a esquerda, por outro,  apostava no futuro de Portugal, apresentando o choque tecnológico, a única realidade capaz de levantar a sua economia e melhorar a vida dos portugueses, tendo presente os sacrifícios necessários, afastando-se,  de promessas demagógicas.

O objectivo da esquerda era o da mudança da base competitiva, o da maior qualificação profissional dos portugueses, por forma a garantir, não só o seu posicionamento, mas e também, o posicionamento de Portugal no mercado internacional, levando-nos a subir na cadeia de valor e a ser líderes à escala global nas áreas de elevada especificidade.

A esquerda decidiu, assim, apostar no conhecimento, na tecnologia e na inovação, vertentes que tornaram esta aposta num caminho de um só sentido, com vista a fazer de Portugal um país melhor, mais competitivo, com melhores qualificações e melhor adaptado às novas realidades e tendências internacionais.

Podemos então sintetisar os objectivos que se propunham atingir aqueles dois caminhos diferentes. Se o primeiro optou por uma agenda conservadora e de manutenção de propósitos que se revelaram inadequados às necessidades e desenvolvimento de Portugal. Já o segundo, aquele identificado com a esquerda apontava no sentido de uma agenda de transformação e progresso. A escolha foi clara e inequívoca e os portugueses apostaram num futuro transformador  e progressista para o seu País.

Contudo, não se deva cair na ilusão de que a nós, apenas nos cabia o dever de escolher a melhor opção para o País. Cabia-nos e cabe-nos, a cada um de nós, saber aproveitar as condições e oportunidades geradas por essa nossa escolha, por forma a redimencionar o nosso futuro, fazendo-o à escala dos nossos parceiros europeus.

Mas como? perguntarão muitos. A resposta a tal interrogação é curta ainda que traga subjacente o esforço e o trabalho necessários para que seja eficaz.

A aposta no “Triângulo do Sucesso” é inevitável e para isso temos de tomar nas nossas mãos o futuro e acreditar. Ao não fazê-lo, só estamos a dar a oportunidade aos de fora que tomem o nosso lugar, restando-nos, lamentar o simples e triste fado de termos uma tendência ancestral de sempre perdermos o comboio do futuro.

Não nos devemos considerar menos capazes do que outros povos. Lá fora, portugueses que pensam diferente e acreditam nas suas capacidades são a montra do que produzimos e o reflexo de uma educação superior voltada para a especificidade das novas tecnologias em todas as áreas onde ela seja suporte de progresso. E, ao contrário do que muitos pensam, existe já reconhecimento do esforço que Portugal tem vindo a fazer para se chegar aos da frente em termos de desenvolvimento tecnológico.

Devemos, pois, ser optimistas e “acreditar” que é possível atingir a meta do progresso, mesmo tendo presente as mudanças que têm vindo a fragilizar a economia mundial, reflexivamente, a economia portuguesa. Neste particular importa, ainda o “dever/querer” saber mais e apostar no “Conhecimento”, âncora de todo o desenvolvimento tecnológico.

Por último temos de ser capazes de “Aprender”, de modo a adquirirmos  alicerces para criar valor e estar à altura de competir no mercado em rede e global.

Mas para que o “Triângulo do Sucesso” seja aproveitado por todos nós, não basta apenas aceitá-lo como necessário e esperar que o vizinho leve o cabo. Temos de mudar de atitude, pois, a mudança urge e não é compatível com a lenta mudança da mentalidade portuguesa.

Temos que deixar de pensar no que queremos ser e passar a definir como queremos contribuir para o nosso País e, consequentemente, para a nossa competitividade. A diferença reside na tónica do “que fazer para” e não no “querer ser para”.

Esqueçamos o emprego para toda a vida. Esqueçamos a espera indiferente de um dia melhor. Esqueçamos a passividade e o comodismo. Nesta sociedade do Conhecimento e neste mundo global e em rede, a proactividade, a iniciativa, o espírito empreendedor e a motivação, são pilares representativos de um futuro auspicioso. Façamos então o futuro para bem de todos nós, de cada um em especial e, de Portugal, que sempre soube ultrapassar obstáculos considerados intransponíveis, recorde-se a propósito, a épica aventura levada a cabo pelo Infante Henrique em dar novos mundos ao mundo.

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