terça-feira, 9 de setembro de 2008

Idei@s_10..."As Novas Torres de Babel - Parte II"

«Cada Nação tem o seu profeta;
cada Nação tem a sua época»
Corão 10,48

Na primeira parte deste texto dedicado ao tema “As Novas Torres de Babel” e, baseado-me nas idéias e pensamentos dum pequeno livro adquirido recentemente, procurei despertar o interesse para um tema que, pertencendo já ao passado é, contudo, presente e futuro.

Deixei também uma reflexão em jeito de convite para quem entendesse contribuir para esta segunda parte.

Surpreendentemente foram alguns os comentários e argumentos que me chegaram por email. Digo surpreendentemente, não por duvidar da profundidade da reflexão e da sua importância, mas sim por ela exigir algo de nós, como tempo e espírito de participação cívica, elementos essenciais em qualquer reflexão, e sobre qualquer assunto. No caso particular, isto é na vertente democrática, tais elementos são peças de que nunca podemos abdicar, pois resultam da própria Democracia e dos movimentos democráticos a ela associados.

A reflexão que então deixei tinha como horizonte, o futuro do movimento democrático e da própria democracia e, ainda, os persupostos sobre os quais ela deveria assentar: se na unidade dos povos com base numa diversificada diferenciação, ou, antes pelo contrário, numa unidade discriminatória da diferença coletiva. As diferentes posições variaram, por um lado, em função das próprias ideologias e, por outro, em função das próprias vivências individuais.

Pessoalmente, julgo que o futuro da Democracia e da Humanidade passa, sem margem para quaisquer equívocos, pela aceitação das diferenças politico-ideológicas, históricas e religiosa de cada um dos nós, como um todo na direção de um futuro, onde a unidade e a igualdade de tratamento entre os homens não é já uma utopia de princípios mas uma realidade que aos poucos nos foi conduzindo a um espaço de democracia com o qual nos identificamos.

Mas para além da ideia de Democracia e do movimento democrático e, ainda, de como estão a ser reedificados pelas novas Torres de Babel, o autor apresenta-nos também dois conceitos de igual importância para o redesenhar cíclico da história da humanidade e do percurso pela mesma trilhado. Refiro-me ao conceito de Nação e ao de Religião. Assim, e ao contrário do que deixei patente na primeira parte deste texto, baseada num livro, gostaria de me referir, em jeito de síntese e a par da Economia e do Progresso, a este dois baluartes essenciais numa sociedade rumo à igualdade de princípios e de oportunidades.

A palavra Nação, do latim natio, de naturs, segundo a definição clássica mais usual, é a reunião de pessoas, da mesma raça, que falam o mesmo idioma, têm os mesmos costumes e adotam a mesma religião, formando, assim, um povo, cujos elementos componentes trazem consigo as mesmas características raciais e se mantêm unidos pelos hábitos, tradições, religião e língua.

Stael, dizia num dos seus livros, que “uma Nação só tem caráter quando é livre”. Para mim esta liberdade e este carácter, está associado ao movimento democrático como movimento regenerador de uma nova Nação. Uma Nação mais cívica, mais proativa, mais criativa, mais segura e mais preparada. Uma Nação livre, com carácter, e mais respeitadora das demais diferenças culturais, políticas e religiosas.

Por outro lado temos a Religião, do latim religio - o conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.

Como diria Ghandi, “uma vida sem religião é como um barco sem leme”. A crença em algo superior colmata, assim, uma das necessidades básicas da humanidade, a auto-estima e, por isso, é algo eterno, supremo, único.

Vejamos então: as nações só têm caráter quando são livres, ou seja, quando vivem em democracia. Por outro lado, só conseguem progredir e evoluir, quando estão seguras do caminho e das decisões tomadas, isto é, quando estão conscientes de que nem tudo são facilitismos, acreditando assim nas capacidades inatas das suas gentes e, porque não, em algo supremo que está para além da física, porque um barco cujo timoneiro é alguém sem fé, é um barco à deriva, sem bússola que o oriente e sem leme que o guie.

Não devemos, pois, dissociar os conceitos Democracia, Nação e Religião, apresentados por Pierre Manet no livro «A Razão das Nações», da evolução humana e da construção das novas "Torres de Babel", antes pelo contrário e tendo presente o sentido da unicidade, devemos inviabilizar que as mesmas sejam construídas com base na idéia de que qualquer diferença colectiva põe em perigo a unidade humana, tornando irrelevante toda a diferença. Devemos bloquear tal construção, lutando diariamente, nos nossos meios sociais, dentro dos nossos grupos, pela união dos povos, assente nessa diferença cultural, religiosa, política e histórica.

Para quem ainda duvida da razão desta e de outras leituras, sejam elas quais forem, queria apenas dizer que um belo texto é sempre aquele que semeia em redor os pontos de interrogação. Espero ter semeado alguns com as “Novas Torres de Babel”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Nélson, excelente artigo.
Continue a escrever deste modo, tem aqui um leitor.
Um abraço.