quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Idei@s_11..."As Bolsas devem estar loucas"


Quando escrito em chinês a palavra crise compõe-se de dois caracteres:
um representa perigo e o outro representa oportunidade
 John Kennedy 

 

Existem várias maneiras de explicar o que se tem passado ultimamente no mundo financeiro e a causa do problema associada a todos estes movimentos que têm surgido com vista a uma rápida  recuperação de um mercado global em crise.

Pessoalmente não dispenso uma boa história para explicar algo, não porque uma explicação teórica baseada em conceitos políticos, económicos, históricos e ideológicos não seja entendível, mas simplesmente porque fomos habituados e educados por histórias contados pelos avós, pais e vizinhos e na verdade sempre serviram para complementar o que nos era ensinado na escola.

João, um certo dia, recebeu do amigo António, um comerciante local, a troco de um favor prestado, uma lata de conservas sem qualquer tipo de etiqueta ou rótulo, tendo apenas marcados três “A” com tinta chinesa. António ao aperceber-se do ar surpreso do amigo, depressa explicou que a inscrição dos 3 “A” indicava que o conteúdo da lata de conservas era de alta qualidade e que a podia vender pelo preço que conseguisse. João, por não lhe passar pela cabeça desconfiar do seu amigo, pensou ter em seu poder um bem muito valioso que podia facilmente usar como forma de pagamento para o que necessitasse e quando necessitasse. Quando mais tarde decidiu comprar um fato para uma cerimónia importante, dirigiu-se a Miguel, o alfaiate da terra, e convenceu-o que o valor da lata de conservas com triplo “A” era igual ao valor do fato que o alfaiate queria cobrar. O Alfaiate por não poder desconfiar do seu cliente e amigo, decidiu aceitar a lata em troca do fato. Este por sua vez, usou a lata como forma de pagamento da sua consulta com o dentista local, José, que a usou para pagar um estudo de mercado que tinha encomendado ao economista Luís. Este, uma pessoa desconfiada de nascença, decidiu abrir a lata e averiguar se o seu conteúdo era tão valioso como se dizia. Para sua surpresa encontrou dentro da lata restos de sardinha, e papel sujo dobrado. Era uma lata com lixo. Luís, o economista, não aceitou a lata como forma de pagamento e pediu a José o dentista que lhe pagasse o estudo de outro modo. Este por sua vez pediu a Miguel que lhe pagasse a consulta. Miguel pediu a João para lhe devolver o fato e este pediu a António que lhe pagasse o favor de outro modo.

Moral da história: A lata que António  usou para pagar um favor, serviu na prática para pagar um conjunto de bens e serviços do valor de 4 000 euros. Quando no final lhe foi pedido esse valor, António  declarou falência, pois  não tinha como dispor de tanto dinheiro. A especulação deu lugar à ruptura.

Actualmente nos Estados Unidos reina a desconfiança interbancária, o que provoca um estado inevitável de limbo económico-financeiro, onde bancos, seguradoras e outras instituições de mediação entram progressivamente em falência provocando um autêntico frenesim nas Bolsas Mundiais que oscilam ao som de um “Freestyle” até agora desconhecido.

Mas porquê esta desconfiança súbita dos últimos meses? Qual a origem da temida ruptura financeira que o sistema mundial receia?

Penso que esta história  explica de uma forma muito simples o que aconteceu nos Estados Unidos e as  fortes repercussões que teve no sistema  financeiro mundial e na vida das pessoas, quando os comportamentos especulativos começaram a ter como inimigo a desconfiança e esta começou a crescer expondo a verdadeira cara do valor dos bens e serviços que ao longo do tempo tinham vindo a ser oferecidos pelos Bancos no mercado imobiliário. Tal como a história da lata que aqui contei e como diz o ditado popular, “foi vendido gato por lebre” durante bastante tempo enquanto não houve lugar para dúvidas.

Em Portugal e na Europa os líderes souberam dar uma resposta à altura. No nosso país, o recente orçamento de Estado aprovado na Assembleia surge como uma resposta a estas  dificuldades que estamos a viver internacionalmente. A nossa capacidade de nos próximos tempos vencermos as dificuldades constantes que surgem está em grande parte nas empresas.

Temos um Orçamento de Estado. Não um orçamento eleitoral, mas um orçamento estrutural. Não um orçamento para ganhar votos, mas um orçamento para criar riqueza e desenvolver Portugal.

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